Edição nº 12572 20/11/2009
ZILMA MOZER Anterior | Índice | Próxima
Drogas e educação escolar
A educação escolar oferece qualidade de vida e as drogas entram contrariando todos os princípios educacionais reduzindo o rendimento escolar ou até ao abandono dos estudos. Ações educativas dentro das instituições de ensino são relevantes, sobretudo porque acredito que ainda seja o melhor caminho para permear essa questão delicada que ficaria enfraquecida sem o respaldo de um compromisso político, além de uma importante participação comunitária.
Ressalto que campanhas publicitárias divulgadas na mídia alertam sobre complicações de ordem psicológicas e efeitos químicos destrutivos no organismo, seja como for não são suficientes para atender o caos causado e muito ainda pode ser feito nesse sentido.
As diferenças sócio-econômicas sugerem a desorganização das famílias, ficando a parceria da escola-família e vice-versa, cada vez mais distante diante da fragilidade à que estão expostos os pais nos reveses da vida, o que não aconteceria se famílias alicerçadas buscando respostas para os desvios dos filhos e junto com a escola procurassem senão soluções, medidas paliativas que minimizassem o flagelo das drogas.
Todos os dias jovens ricos e pobres estão expostos ao submundo das drogas, sofrendo e morrendo dentro ou nas portas das escolas, continuam destruindo famílias e achando divertido atear fogo em pessoas em pontos de ônibus e praticando atos de vandalismo contra a natureza, escola e a própria vida. Eis porque seria inútil escamotear a realidade da educação escolar e familiar, afinal as duas se completam nas atribuições e responsabilidades, logo, o ideal seria a união entre as duas buscando concatenar atitudes sutis de mudanças no ensino, que tragam reflexos no campo social.
Entretanto, a função da escola é atuar como norteadora na formação intelectual e social desses jovens, vale então repensar no papel das escolas enquanto educadoras, que interagem com saúde e o meio ambiente fazendo uma ponte entre o obscuro universo das drogas e a informação produtora de conhecimentos, sem cair nas falácias de um vão moralismo, que rebela ainda mais ou na melhor das hipóteses causa a indiferença dos jovens.
Nestas condições, a escola empenhada em cumprir com seu compromisso de resgatar a auto-estima dos estudantes, salvaguardando sua integridade moral, vê-se diante de um grande desafio: abordar o tema de maneira que não hostilize os alunos envolvidos na problemática, falando sobre drogas de forma clara e sem medos, sem opiniões antecipadas, porém desvendando o enigma oculto nesta questão. Esse tema não é tão somente uma questão escola-família, família-escola, porque, todas as classes sociais se deparam com o problema. O fato é que, lícitas ou ilícitas as Drogas agridem a saúde e o meio ambiente em todos os seus seguimentos.
O Proerd – Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência, atua no Estado de Mato Grosso desde o ano de 2000 através da Polícia Militar, com um trabalho sério de prevenção contra as drogas em cima de muito carinho e respeito com as escolas e estudantes. Segundo o mesmo, a postura educacional estratégica surte mais eficiência, para tanto família, polícia e escola devem se unir contra a ousadia e sofisticação do crime organizado. Medidas como estas não recuperaram a saúde física e o rendimento escolar dos usuários, mas com certeza seria a ênfase que o problema necessita para assinalar mudanças no ensino e nas dificuldades enfrentadas pela educação. Refletir os problemas e fomentar a discussão que envolve as drogas denota preocupação e respeito, afinal a escola tem como pressuposto a identificação de qualquer indivíduo.
* ZILMA MOZER, Bacharel em Ciências Biológicas, especialista em Saúde Pública e Ambiental e Professora da rede pública de ensino
zilmamozer@terra.com.br
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